Art talks 2 – Tecnologia a favor da preservação de acervos artísticos

Organizadores: Coleção Ivani e Jorge Yunes e IPEN/USP
26 de junho de 2018
Coleção Ivani e Jorge Yunes
Terça-feira, das 10h às 13h
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Talk 1 – Mudança de hábitos: dos pesticidas aos tratamentos atóxicos
Em setembro de 2012, a equipe de Conservação do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE/USP) identificou uma infestação de traças em seu acervo etnográfico. Essa infeliz circunstância, apesar das graves consequências, abriu um cenário de novas possibilidades dentro da instituição. Como muitos outros museus que possuem objetos etnográficos, tratamentos com produtos químicos perigosos, como brometo de metila, gás toxin, óxido de etileno e tetracloreto de carbono, fizeram parte da história do MAE/USP. Apesar das batalhas diárias contra insetos, substituir a aplicação de pesticidas por um Programa de Manejo Integrado de Pragas é um passo decisivo que requer ações adicionais e bem planejadas. Esta apresentação traz informações sobre a evolução do controle de pragas tóxicas para não-tóxicas por meio de tratamentos com atmosfera de anóxia. Além disso, destacaremos como a instituição deu seus primeiros passos para a implementação de um Programa de Manejo Integrado de Pragas para garantir a salvaguarda de suas coleções. (Ana Carolina Delgado Vieira – MAE/USP e CIJY)

Talk 2 – A Arte sob a perspectiva da tecnologia: a Ionização Gama para a Preservação dos Acervos
O patrimônio cultural brasileiro, representado pelas suas coleções de obras de arte e acervos históricos, tem sua integridade afetada pela deterioração intrínseca e extrínseca. As condições climáticas locais, com variações de temperatura e umidade relativa do ar, somadas à ação de insetos e micro-organismos, conduzem ao desenvolvimento de fenômenos da biodegradação. Os desastres naturais, principalmente as inundações, também atingiram muitos acervos dentro do país. Neste cenário, o processamento por radiação ionizante surge como uma alternativa aos tradicionais métodos de desinfecção de artefatos do patrimônio cultural e de materiais arquivados. Nos últimos anos, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares – IPEN, por meio do Irradiador Multipropósito de Cobalto-60 localizado dentro do campus da USP, iniciou um importante programa de colaboração com instituições de preservação e conservação e com a comunidade de profissionais conservadores para divulgar os benefícios da técnica de ionização. A ionização gama apresenta diversas vantagens quando comparada aos métodos convencionais de preservação, principalmente relacionados à segurança, eficiência, confiabilidade, capacidade, tempo de processo e segurança para o meio ambiente. Os resultados de várias pesquisas realizadas para garantir a segurança do processo de irradiação em bens culturais demonstraram que a desinfecção por radiação ionizante pode ser obtida com sucesso e aplicada com segurança. (Pablo A. S. Vasquez – IPEN/USP)

Talk 3 – Aplicabilidade da radiação em massa documental: estudos de caso
Em 2005, o Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo recebeu, em caráter provisório, parte do acervo que pertenceu ao Banco Santos, cedido pela Justiça Federal de São Paulo, composto por cerca de 1.700 manuscritos de cordel, 3.400 matrizes de xilogravura e em torno de 850 impressões em papel pardo que envolviam muitas dessas matrizes. Antes da vinda para o instituto, o material estava num galpão lacrado pelo Departamento de Polícia Federal, que fora inundado devido a fortes chuvas. Por ter permanecido um bom período em um ambiente com temperatura e teor de umidade favoráveis ao crescimento de microorganismos, o acervo foi altamente contaminado por fungos e bactérias – o que se somou ao fato de as matrizes de madeira também apresentarem infestação por insetos xilófagos (cupins e brocas), aumentando ainda mais o processo de deterioração. Tendo em vista essas condições foi preciso agir prontamente, principalmente pelo avançado processo destrutivo dos suportes, e assim realizaram-se os procedimentos de salvaguarda nesse importante acervo utilizando a Radiação Gama (Cobalto 60) em sua descontaminação. A partir desta ação, o tratamento realizado através do irradiador passou a ser difundido no Brasil. Sua aplicação é adotada por instituições públicas e privadas, sendo também objeto de pesquisas de mestrados e doutorados. (Lucia Elena Thomé – USP)