Atos Modernos

2022 será marcado pelo centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, bicentenário da Independência do Brasil e a eleição presidencial. Neste cenário, todas as oportunidades de deslocamento da discussão estética, política e de identidade devem ser aproveitadas e amplificadas. Assim, nasce “Atos modernos”, primeiro programa de comissionamento artístico fruto da parceria da Coleção Ivani e Jorge Yunes e Pinacoteca, que tem entre os objetivos; evidenciar o trabalho em rede e o diálogo multidisciplinar, buscando assim apontar algumas questões urgentes; quais histórias estão presentes? Quais acervos nos constituem? Quais epistemologias prevalecem?

O programa “Atos modernos” reúne 5 artistas e pesquisadores de diferentes geografias e linguagens que compartilharão seus portfólios e processos criativos, articulando possíveis indícios da modernidade no imaginário institucional e artístico contemporâneo. Ao refletir sobre o contexto colonial e pós-colonial, estruturantes da história do Brasil, é possível afirmar que modernidade existe sem colonialidade? Como tal questionamento nos encontra, confronta e afeta? Enquanto parte da função social dos museus é estimular a criatividade e propagar o conhecimento para todos os públicos, um programa de comissionamento, amparado por duas instituições tão sólidas e pioneiras torna-se de suma importância para que recursos sejam acessados por pessoas e grupos racializados, corpes dissidentes que ainda hoje, seguem apartados da história oficial do Brasil.

O grupo é formado por Castiel Vitorino Brasileiro, Mitsy Queiroz, Luciara dos Santos Ribeiro, Olinda Yawar Muniz Wanderley e Charlene Bicalho, intelectualidades contagiantes que se somam e encontram-se com pesquisas sobre memórias e acervos, temporalidades e ancestralidade. Assim como princípio, o programa retoma o conceito de Sankofa, palavra de origem africana do povo de Acrã, em Gana, que significa regressar as raízes. Como filosofia, Sankofa nos convida a conhecer o passado para compreender o presente e avançar à passos firmes ao futuro.

Com duração de um ano, o programa comissionará trabalhos inéditos, onde cada artista terá espaço na programação pública da Pinacoteca para realização de projetos presenciais ou transmitidos nas plataformas digitais da Pinacoteca. Ao final desse processo uma publicação reunirá fotos, ensaios, pequenos artigos desenvolvidos durante a programa e os registros dos trabalhos comissionados.