Exposição “Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil”

Sesc 24 de Maio – São Paulo

Curadoria: Aldrin Figueiredo, Clarissa Diniz, Divino Sobral, Marcelo Campos, Paula Ramos e Raphael Fonseca Curadoria-geral: Raphael Fonseca Curadores assistentes: Breno de Faria, Ludimilla Fonseca e Renato Menezes Consultoria: Fernanda Pitta 

De 10 de fevereiro a 07 de agosto de 2022

A CIJY emprestou para a mostra: 1 pintura de Raimundo de Oliveira

O Sesc São Paulo apresenta exposição inédita Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil na unidade 24 de Maio A mostra integra o projeto Diversos 22 do Sesc São Paulo que celebra o centenário da Semana de Arte Moderna e o bicentenário da Independência, refletindo criticamente sobre as diversas narrativas de construção e projeção de um Brasil Com 600 obras de 200 artistas, o espaço expositivo da unidade terá visitações livres e gratuitas entre os dias 10 de fevereiro e 07 de agosto de 2022.

Entre os dias 10 de fevereiro e 07 de agosto de 2022, o Sesc São Paulo apresenta, na unidade 24 de Maio, localizada no centro da capital paulista, a exposição inédita Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil. Com curadoria dos pesquisadores Aldrin Figueiredo, Clarissa Diniz, Divino Sobral, Marcelo Campos, Paula Ramos, Raphael Fonseca e consultoria de Fernanda Pitta, a mostra integra a ação em rede do Sesc São Paulo, Diversos 22 – Projetos, Memórias, Conexões, em razão das efemérides do centenário da Semana de Arte Moderna e do Bicentenário da Independência do Brasil. Com o objetivo de refletir criticamente sobre essas datas, analisando-as em contextos históricos sobre a modernização do território brasileiro, o que simbolizaram no passado e o que mobilizam no presente em projeto para o futuro, a mostra traz cerca de 600 obras de 200 artistas, como Lídia Baís, Mestre Zumba, Genaro de Carvalho, Anita Malfatti, Tomie Ohtake, Raimundo Cela, Pagu, Alberto da Veiga Guignard, Rubem Valentin, Tarsila do Amaral, Mestre Vitalino, dentre outros, com visitação livre e gratuita até 07 de agosto de 2022. O título da exposição é inspirado por um estilo arquitetônico encontrado em fachadas de casas antigas de Belém (PA). A justaposição de azulejos quebrados formando desenhos geométricos, angulados e coloridos, que lembram setas, bumerangues e raios são conhecidos como “raio-que-o-parta”. O modismo desta arquitetura não se restringiu às elites locais da década de 1950, sendo logo apropriado por outras camadas da sociedade que popularizaram as fachadas raio-que-o-parta pelos bairros daquela cidade, como forma de modernizar o que era considerado obsoleto nas artes. Ao articular a noção de modernidade com o território brasileiro, a exposição Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil pretende repensar a centralidade do evento de 1922 que ficou marcado na história da arte no país, a partir de uma ampliação não apenas cronológica, mas também geográfica. Trata-se de um projeto que deseja mostrar ao público que arte moderna já era discutida por muitos artistas, intelectuais e instituições de Norte a Sul do país, desde o final do século XIX até meados do século XX. A intenção da exposição, ainda, é expor diversos tipos de linguagens e formas de criar e compartilhar imagens nesse período. Além de desenhos, pinturas e esculturas, o projeto traz exemplos importantes de fotografia, cinema, revistas ilustradas, música e documentação de ações efêmeras, essenciais para ampliar a compreensão das muitas modernidades presentes no Brasil. Para o diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, a instituição realiza esta exposição no âmbito de sua ação em rede Diversos 22: Projetos, Memórias, Conexões, que coloca em pauta não somente a Semana de Arte Moderna de 1922, mas também a Independência do Brasil em 1822. “Refletir sobre esses marcos implica conjugá-los às urgências do agora; por isso a busca por contemplar o que extrapola o ambiente paulista, visibilizando outros legados. A questão principal perpassa a construção de perspectivas que possibilitem pensar o país de forma diversa e complexa, com suas contradições e potências, vertendoas em recursos propositivos”. A mostra, portanto, leva ao público a certeza de que a noção de Arte Moderna, no Brasil, é tão diversa quanto as múltiplas culturas, sotaques e narrativas que compõem um país de dimensão continental. Para tanto, o trabalho dos sete pesquisadores e curadores da mostra foi dividido em quatro núcleos, propondo uma imersão no espaço e no tempo histórico e social das artes modernas brasileiras. Os títulos de cada núcleo, assim como da própria exposição, fazem alusão às manifestações artísticas existentes no país. Primeiro Núcleo – Deixa Falar Referente à escola de samba de mesmo nome, criada no final da década de 1920, no Rio de Janeiro, neste núcleo, temas como identidade e empoderamento entram em destaque. Na modernidade brasileira, esse debate é cheio de ambiguidades. Se a presença de personagens e manifestações advindos dos povos originários, afro-brasileiros e minorias imigrantes foi central na criação de uma ideia de arte moderna, ela muitas vezes figurou pelo olhar de uma elite que observava o povo, silenciando seus lugares de fala, além de destruírem seus locais de resistência, como florestas, aldeamentos, quilombos e cortiços, com o pretexto de impulsionar uma ideia equivocada de modernidade. Neste espaço, o público encontra obras de artistas afro-brasileiros, como Mestre Zumba, Agnaldo Manoel dos Santos e Wilson Tibério, além de Tomie Ohtake, Carybé, Benjamin Abrahão, Anita Malfatti, Haruo Ohara dentre outros artistas. Segundo Núcleo – Centauros Iconoclastas Referente ao grupo literário de mesmo nome, fundado em Recife durante a década de 1920. Seu nome aponta para uma das ênfases modernas da arte produzida no Brasil: de um lado, o interesse por formas de existência que ultrapassam o humano e a “razão pura” de outro, o questionamento da autoridade da sacralização, duvidando das ordens e das hierarquias impostas às imagens e aos sentidos. Entre centauros e iconoclastias, vemos surgir, assim, uma pujante produção que investiga as múltiplas possibilidades dos corpos, das humanidades, das animalidades, dos mitos, das metamorfoses. Aproximando-se da psicanálise, alguns artistas foram buscar outro fértil território de performatividade. Nesse processo de aproximação entre arte e loucura, criticavam a normatividade de uma forma supostamente correta de ser, reivindicando a radical diversidade das existências. Este núcleo traz obras de Pagu, Lídia Baís, Aurora Cursino dos Santos, Tarsila do Amaral, Joaquim do Rego Monteiro, Moacir Andrade, Nelson Boeira Faedrich e outros. Terceiro Núcleo – Eu vou Reunir, Eu vou Guarnecer Referente à festa como espaço de liberdade e a primeira janela do modernismo. A ideia de reunir e formar grupo é a segunda vereda dos modernos. “Eu vou reunir, eu vou guarnecer, meu boi vai rolar no terreiro”, dizem os versos de uma toada antiga do bumba-meu-boi, no norte do país. Artistas que buscavam uma autonomia criadora em romances e telas viram em brincantes, por meio de brincadeiras e cordões populares, o caminho do novo, do sentimento de identidade da aldeia e da metrópole. É como se estivéssemos, por meio da festa e da melancolia, revisando alguns dos principais predicados do modernismo nacional, incluindo aqui uma imensa utopia pelo informal, espontâneo, descontraído, falado e distenso das ruas. Emboladas e cordéis, carimbós e batucadas ampliavam os versos de uma métrica tantas vezes sonhada. Neste núcleo, obras de Dimitri Ismailovitch, Djanira, Heitor dos Prazeres, DJ Oliveira, Franklin Cascaes, Eros Volúsia, Rubem Valentim, Lasar Segall e outros artistas expõem o contexto desta festa entrelaçada à melancolia. Quarto Núcleo – Vândalos do Apocalipse O título deste último núcleo faz referência ao grupo literário formado por escritores paraenses, como Bruno de Menezes, Luiz Teixeira Gomes (Jacques Flores) e Clóvis de Gusmão que criticavam os discursos de atualização e os parâmetros de progresso e desenvolvimento vigentes no país a partir de 1921. As contradições e os conflitos do Brasil moderno gerados no encontro entre a herança colonial e o projeto de modernização nacional, principalmente nas capitais, após o estabelecimento do regime republicano, foram provocadas pelas sucessivas investidas de ocupação de imensas áreas tidas até então como vazios demográficos e terras improdutivas. A chegada do então “progresso” promoveu a destruição da natureza e dos modos de vida tradicionais, além de contribuir com o aumento da classe dos sem-teto, por conta da expulsão dos trabalhadores rurais de seus locais de origem. Neste núcleo, que reconta e retoma as discussões sobre a verdadeira identidade nacional brasileira, engendrada na tradição colonial e na modernização territorial, estão as obras de José Antônio da Silva, Hildegrand Rosenthal, Alice Brill, Frei Cândido Penso, Branco e Silva, dentre outros nomes nacionais. Esses quatro núcleos desafiam a versão canônica de uma modernidade paulistocêntrica. Se o raio há de partir, conforme título dado à exposição, que seja para trazer à tona as distintas ficções da modernidade, oferecendo ao público presente um contexto diverso e heterogêneo da arte moderna brasileira. As obras que compõem o espaço expositivo, com cerca de 1.300m², foram cedidas por mais de 100 instituições e colecionadores brasileiros, dentre eles a Pinacoteca do Amazonas, o MAMAM de Recife, o Museu Nacional de Belas Artes, o MAC da USP, o MAR-RJ, MASP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte do Rio Grande do Sul, Museu de Arte de Belém, Museu Antropológico da UFG e o Museu de Arte da UFSC. No espaço expositivo da unidade 24 de Maio serão oferecidas, ainda, atividades em ambiente digital e ações educativas presenciais com arte-educadoras/es e pesquisadoras/es que estão em constante diálogo com as produções artísticas brasileiras. A mostra contará com recursos de acessibilidade, como audiodescrição, vídeo-guia em libras, recursos táteis e textos traduzidos para os idiomas português, inglês e espanhol. 

Serviço Exposição Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil 

Curadoria: Aldrin Figueiredo, Clarissa Diniz, Divino Sobral, Marcelo Campos, Paula Ramos e Raphael Fonseca Curadoria-geral: Raphael Fonseca Curadores assistentes: Breno de Faria, Ludimilla Fonseca e Renato Menezes Consultoria: Fernanda Pitta 

Local: Sesc 24 de Maio – 5º andar – Rua 24 de Maio, 109 – Centro/SP – 350 metros da estação República do metrô 

Período expositivo: 10/02 a 07/08/2022 

Funcionamento da unidade: terça a sábado, das 10h às 20h. Domingo e feriado, das 10h às 18h*

*os horários de funcionamento podem sofrer alterações, conforme orientações sanitárias vigentes. 

Maiores de 12 anos deverão apresentar comprovante de vacinação contra COVID-19 (físico ou digital), evidenciando as duas doses, ou dose única. 

Agendamento de grupos: agendamento.24demaio@sescsp.org.br

 Classificação indicativa: livre Gratuito

Fonte: release da exposição