Caixa de Pandora

Kura e Caixa de Pandora

A CIJY tem obras e objetos de arte de dezenas de países, da antiguidade até meados do século passado. Entretanto, exceto pelo modo de exibi-la, não há nenhuma obra contemporânea. Pensando nessa lacuna, Camila Yunes Guarita, do escritório de consultoria de arte Kura, criou o projeto Caixa de Pandora, a partir do mito grego segundo o qual a primeira mulher criada por Zeus, curiosa e imprudente, abriu a caixa que continha todos os males do mundo, deixando-os escapar. O que pouca gente sabe é que na caixa sobrou a esperança. Trazendo a arte contemporânea para dentro dessa coleção, o projeto Caixa de Pandora atiça a curiosidade e faz com que vários períodos da história da arte e seus objetos coexistam com o perturbador mundo em que vivemos.
E, ao fazê-lo, aposta na arte como portadora da esperança. O Projeto Caixa de Pandora já realizou seis edições: a primeira com o artista Barrão, a segunda com Ana Batista Dias, a terceira com Vik Muniz, a quarta com Paulo Nimer Pjota, a quinta com Regina Silveira, a sexta com Marcela Cantuária e a sétima com Rebecca Sharp e Tadáskía.

Quimera que paira – ago/2022

QUIMERA QUE PAIRA Cabeças de leão, de cabra e de serpente; asas de dragão ou de galinha; fogo pelas narinas e feitiços da língua! A imagem de uma fera mitológica de natureza híbrida detentora de poderes mágicos, pairando sobre nós, imprime contornos ao assombro dos enigmas que correm entre este mundo e tudo mais que é intangível. A figura da Quimera, pintada e esculpida desde a Antiguidade de incontáveis maneiras, sobre a qual se narram infindáveis lendas e se tecem infinitas leituras, remixada à exaustão, provoca e propõe uma incógnita fatal, um golpe esfíngico com muitas bocas para devorar. Sinônimo de invenção, absurdez, fantasia, fábula e devaneios da imaginação, a Quimera pode figurar como síntese para nossa aproximação dos projetos de Rebecca Sharp e Tadáskía concebidos especialmente para o contexto deste casarão — colossal e complexo — e da Coleção Ivani e Jorge Yunes, um acervo tão extenso quanto eclético. Por meio da absorção e da regurgitação das imagens e de determinadas problemáticas, as proposições de Rebecca e Tadáskía partem de diferentes disparadores imaginativos, a fim de lidar, de modo crítico, com as qualidades físicas e conceituais dos cômodos e de certas peças desse espaço. As artistas, cada uma à sua maneira, ativam enigmas relacionados diretamente com esse lugar, provocando e oferecendo chaves de compreensão para sua arquitetura e para os objetos que o povoam.

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Esperança Equilibrista, Marcela Cantuária – out/2021

O convite da Kura by Camila Yunes para a sexta edição do Projeto Caixa de Pandora, que acontece após o período mais restritivo da pandemia do Covid-19, se dá pela primeira individual em São Paulo da artista carioca Marcela Cantuária. Desde 2018, o projeto traz artistas contemporâneos para dialogar com a Coleção Ivani e Jorge Yunes, que reúne obras de arte de diferentes épocas, datando desde o século II A.C até os anos 1970. Nesta edição, a artista convidada apresenta 18 telas, um biombo, seis oratórios e uma cortina site-specific para o espaço que abriga a coleção.

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Inusitados, Regina Silveira – nov/ 2020

Interesso-me pelo lado sombrio da obra de Regina Silveira, no sentido daquelas regiões, que estão fora da luz, que sabemos que existem e que são como a força subterrânea do inconsciente e que, por isso mesmo, são obscuras; são incômodas, profundas e silenciosas, e que podem até passar despercebidas. Ao mesmo tempo, o que também me atrai na sua obra é a capacidade de ser explícita. E explicitar é uma forma de trazer à luz. Em outras palavras, a sua obra trata de “iluminar”, de ir direto ao ponto sem subterfúgios; de revelar o evidente. Quando essas duas dimensões (o sombrio e o explícito) são transpostas para uma reflexão política, sua produção artística ganha potência de evidência e as relações de poder e de opressão ficam cristalinas, sem nos agredirem. Em outras palavras, a assimilamos de uma maneira suave. Essa química única pertence à sua obra e por essa razão atrai tanto as crianças. É uma produção consciente com certa doçura que nos fala de algo pesado sem que necessariamente percebamos que isso está sendo processado.

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Cenas de casa, Paulo Nimer Pjota – ago/2019

Representado pela galeria Mendes Wood DM, Pjota (1988, São José do Rio Preto) tem como principal característica trabalhar em grandes superfícies. Ele usa lona, ​​sacos e sucatas de metal, encontradas principalmente em ferros-velhos, como suportes. Para o projeto Caixa de Pandora, Pjota desenvolveu uma série de 10 telas-objeto que dialogam com os vasos da Coleção Ivani e Jorge Yunes e uma instalação no jardim intercalando plantas e esculturas da mesma coleção.

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Apropriações barrocas, Vik Muniz – abr/2019

Imaginária, produção mais recente do artista plástico Vik Muniz (1961, São Paulo), compõe a terceira exposição do projeto Caixa de Pandora. Grandes painéis da série Repro Saints, expostas inicialmente no Espaço Cultural da Fundação Casa Santa Ignez da Gávea, Rio de Janeiro, chegam a Capela da Coleção Ivani e Jorge Yunes. No minucioso processo de fotomontagem barroquista, a obra sacra é o resultado final da justaposição de várias camadas policrômicas, signos e histórias, e tece o diálogo entre as criações imagéticas com as pinturas consagradas da tradição cristã.

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Águia de duas cabeças, Ana Dias Batista – set/2018

Para a segunda edição do projeto, convidamos Ana Dias Batista (1978, São Paulo), representada pela Galeria Marília Razuk, que ao longo de alguns meses empregou seus esforços para entender as dinâmicas da residência e da CIJY. A exposição contou com uma intervenção no jardim, uma áudio-instalação na vitrine da sala de música, empilhamento de tapetes na sala Old Masters, reprodução de obras da coleção e dos olhos de Ivani Yunes e uma performance de nado sincronizado na piscina.

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Barrão, artista convidado – abr/2018

A obra de Barrão (1959, Rio de Janeiro) orienta-se pela lógica da bricolagem: trata-se do reaproveitamento de restos e sucatas, conferindo-lhes novos sentidos. Desligados de seus contextos e usos originais, os objetos reaparecem transformados, embora tragam a memória do passado. Na edição do Caixa de Pandora, o artista exibiu uma série de objetos de porcelana que existem entre o clássico e o bizarro, fazendo um paralelo com as peças da Coleção Ivani e Jorge Yunes. Nessa mesma linha comparativa, Barrão produz outro conjunto de objetos a partir do empilhamento de peças aparentemente aleatórias e completamente brancas.

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